Eddie Vedder again.... "Can't keep"

"Aproveitando uma curta pausa na sua carreira como  frontman  de uma das bandas mais amadas do "planeta rock", Eddie Vedder volta a navegar a solo com um disco diferente, simpático, mas decididamente anti-rock.Munido do seu ukelele, um pequeno instrumento de quatro cordas e em todo muito parecido com o nosso cavaquinho, o vocalista dos Pearl Jam constrói a banda sonora ideal para um retiro de fim-de-semana, de preferência campestre, capaz de alimentar novas paixões à volta de uma fogueira de Verão.São melodias enfeitiçadas, que entram facilmente no ouvido e que bebem da tradição folk rural norte-americana.




Claro que na voz dele tudo pode correr o risco de soar a uma longa canção acústica retirada de um álbum  unplugged  ao vivo   dos Pearl Jam, mas aqui há vida peculiar e muito própria nestas canções que as afastam do caminho tradicional que poderíamos esperar delas."Can´t Keep", o single de apresentação é no mínimo uma canção espectacular. Um tema com vida própria e capaz de apanhar os mais desprevenidos fãs da banda de Seattle. Vedder tem ou sempre teve lá escondido um talento próprio capaz de se aguentar sozinho sem a presença de Gossard, Ament, McCready e Cameron.



Escute-se essas pérolas apelidas de "Without You", "Light Today" ou "Broken Heart" para se vislumbrar uma carreira alternativa caso um destes dias os PJ venham a cessar as actividades. O que não parece dado que vem aí um novo disco de originais ainda este ano.Claro que um disco só com ukelele pode conter um factor de enfado e de tudo soar ao mesmo. Em algumas partes assim o parece, mas há canções com direito a umas subtis secção de cordas como "Longing to Belong" ou em que simplesmente ele acelera o compasso como "You´re True" para que tudo não se torne chato ou sensaborão. Chega mesmo a protagonizar um pequeno dueto com os seus amigos do duo folk, "Sweel Season" para dar mais vida ao calmo "Sleepless Nights".Com este panorama, Vedder introduz-nos um novo panorama na sua carreira: a velhice. Não é nada difícil imaginá-lo daqui a 20 anos, mais velhote, de cabelo grisalho e cheio de rugas, a tocar estas músicas aos seus netos. Um cenário que ainda parece que vai longe, mas que ainda assim temos de aceitar que passa num instante. Afinal de contas, "a vida são dois dias"."

texto blitz ... eddie vedder