29/03/12

NATO -Tragédias e números

O que me deixa preocupada com estas notícias são os números 63 não parece nada mas são pessoas, familias de alguém, criancas... pessoas que não têm muito a perder e tentam salvar-se pagando que têm e o que não têm. Que tristeza!!!!!!!!

A NATO deve assumir responsabilidades por ter ignorado os pedidos de socorro a uma embarcação, o que levou à morte de 63 refugiados vindos da Líbia em 2011, refere um relatório de uma investigação levada a cabo pelo Conselho da Europa e que hoje será apresentado na assembleia parlamentar da instituição.
Uma série de falhas por parte dos navios de guerra da NATO e de guardas costeiros europeus levou ao trágico desfecho, após o barco em que seguiam os emigrantes ter permanecido à deriva, sem auxílio, ao longo de duas semanas, conclui o Conselho da Europa ao fim de nove meses de investigação, cujo relatório foi divulgado na noite de quarta-feira pelo "The Guardian".
O documento frisa as enormes falhas institucionais ocorridas, revelando uma tremenda indiferença pelas questões humanitárias.
Erros dos militares, assim como de navios comerciais que passaram próximo do barco de refugiados, somou-se a ambiguidade, das chamadas com pedidos de auxílio efectuadas pelos guardas costeiros, sobre que autoridades seriam responsáveis pela operação de salvamento.

Nenhuma tentativa de salvamento

O navio partiu de Tripoli com 72 emigrantes africanos que tentavam chegar à Europa, mas a embarcação teve problemas e ficou à deriva durante duas semanas, antes de ter dado à costa Líbia.
Apesar de terem sido efectuadas chamadas de emergência e de o barco ter sido localizado e identificado por guardas costeiros europeus, nenhuma tentativa de salvamento foi efectuada.
Apenas se salvaram nove pessoas, as restantes 63, entre as quais dois bebés, morreram de fome e sede ou devido às tempestades.
A NATO declarou que nenhum dos seus navios ou aparelhos aéreos detetou ou recebeu informações sobre a embarcação, mas o relatório da investigação indica que chamadas auxílio foram efectuadas, a 27 de março de 2011, a partir do Centro de Coordenação de Salvamentos Marítimos de Roma, devendo ter chegado a pelo menos um navio sob os comandos da Aliança Atlântica - a fragata espanhola Méndez Núñez, equipada com helicópteros e que se encontrava nas imediações.
Testemunhos dão conta que um helicóptero militar sobrevou a embarcação, atirando-lhes comida e água e dando indicações para permanecerem no mesmo local, mas a identificação do aparelho não foi apurada.
Ao décimo dia, a embarcação cruzou-se com um grande navio militar, tão perto que os sobreviventes dizem ter-lhe tirado fotografias, enquanto exibiam os corpos dos dois bebés mortos e os contentores de combustível vazios, num desesperado pedido de auxílio.

Outras tragédias semelhantes terão ocorrido

O relatório chama a atenção de que o trágico caso terá sido revelado devido aos testemunhos dos sobreviventes e que outras tragédias semelhantes terão acontecido nos últimos anos.
Tineke Strik, autor do relatório, declarou ao "The Guardian" que se tratou de "um dia negro para a Europa" e que mostrou o duplo padrão em relação ao valor da vida humana: "Podemos falar quanto quisermos sobre os direitos humanos e da importância de cumprir com as nossas obrigações internacionais, ao mesmo tempo que nos limitamo a deixar as pessoas morrer - talvez por que não sabemos a sua identidade ou por que vêm de África -, o que expõe a ausência de significado dessas palavras".
O relatório do Concelho da Europa chama ainda a atenção para o facto, que terá contribuído para a tragédia, de as Nações Unidas, a NATO e os Estados europeus não terem estabelecido um plano de auxílio face ao inevitável aumento dos refugiados vindos do norte de África, na altura em que se deu a intervenção internacional na Líbia com o obejetivo de acabar com a guerra entre rebeldes e tropas do ditador Kadafi

expresso.pt

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